Quando os habitantes do Principado de Mônaco, atentos às novas tendências de econegócios que circulam o planeta, descobrirem que o Brasil, maior potencia ambiental do mundo, guarda um emblemático município arquipélago, formado por 26 ilhas, único no país, com vastos manguezais, perfeito para pesquisas do bioma costeiro e investimentos no turismo de baixo impacto e alto valor agregado, poderão enxergá-lo como ele realmente é, o “Principado de Cairú”.
Mônaco, com pouco menos de dois quilômetros quadrados de território, 4.1km de costa oceânica, uma população de 33 mil habitantes, é conhecido em todo o mundo pela inteligência aguçada com que se desenvolve, usando astúcia para aproveitar o grande charme do seu pequeno território. Com recursos financeiros abundantes (um banco para cada seiscentos habitantes) e inteligência empresarial, os monegascos que sediam fundos de investimentos europeus poderão ativar a inteligência do capital que desfruta da sua hospitalidade para analisar investimentos em Cairu. Identidades formam produtos turísticos.
Sabendo que, além de berço de reprodução de vida marinha o Principado de Cairu guarda tesouros históricos e culturais do século XVII, como o Forte do Morro de São Paulo e sítios arqueológicos dos índios que habitaram a região antes da chegada dos europeus, os monegascos apressarão a sua chegada.
Também sabem os monegascos que na era da informação, tamanho pode ser problema ou solução. Assim como chips diminuem de tamanho, concentrando cada vez mais informação, os pequenos e notáveis principados podem gerar gravidade para e atrair recursos dos 80 trilhões de dólares do PIB global que circulam a procura de paraísos fiscais e ambientais. Mônaco é um paraíso fiscal, Cairu é um paraíso ambiental.
O Instituto Oceanográfico de Mônaco, situado nos penhascos de Monte Carlo, capital do Principado no Mar Mediterrâneo, que já foi dirigido pelo renomado oceanógrafo francês Jean-Jacques Cousteau, tem informações cobiçadas por pesquisadores e investidores de todo o mundo. Parcerias com a Ufba, por exemplo, podem ajudar a instalar um centro de pesquisa oceanográfico no Principado de Cairú, trazendo para o único município arquipélago do Brasil esta griffe de pesquisa, e com ela, senhas de acesso a investimentos. Não faltarão recursos monegascos para pesquisar os ricos biomas Costeiro e Marinho da Bahia.
Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute –