Agricultores familiares baianos apresentam experiências no cultivo do cacau cabruca em evento internacional

O cacau, que já serviu de inspiração para o saudoso poeta Jorge Amado, continua projetando a Bahia para o mundo. Agricultores familiares baianos, dos territórios de identidade Litoral Sul e Baixo Sul, compartilharam a experiência no cultivo do cacau cabruca com os participantes do Terra Madre, maior evento internacional dedicado à cultura alimentar, promovido pelo Slow Food, e que termina nesta segunda-feira (24), em Turim, na Itália.


Os representantes baianos Ozaná Crisóstomo, presidente da Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba), do município de Ibicaraí, e Luciano da Silva, do Assentamento Dois Riachões, de Ibirapitanga, participaram da mesa de debate ‘A palavra dos produtores – A Fortaleza Slow Food do Cacau Cabruca do Sul de Bahia, Brasil, no coração da floresta’. Eles apresentaram aos italianos e representantes de outros países suas experiências, desde o cultivo até o beneficiamento do cacau.


O cacau cabruca é um sistema agroflorestal que maneja culturas à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica, conservando, desta maneira, a biodiversidade e as espécies nativas.


“O cultivo cacau cabruca é muito importante pra manter o sistema da biodiversidade, pois garante a variabilidade genética das plantas e a continuidade das espécies de animais. Nosso papel aqui no Terra Madre foi apresentar esse cacau agroecológico para o mundo e trocar experiências com os agricultores de outros países, grupos e comunidades que produzem esse alimento, saudável para quem produz e também para quem consome”, destacou Luciano da Silva, que levou o nibis de cacau para apresentar no Terra Madre.

Bahia Cacau


Já Ozaná Crisóstomo informou que a Coopfesba criou a Bahia Cacau, marca dos chocolates que ele levou para Itália.  Sobre o cultivo do cacau cabruca, ele observou que “é uma forma não só produção sustentável, mas também de preservação ambiental, em que os agricultores familiares pensam numa forma econômica e social, visando proteger a Mata Atlântica e viver de maneira justa”.


Tonny Bocana, agricultor familiar de Uganda, participou da plenária e disse que “tem interesse em saber mais sobre o cacau cabruca, para multiplicar com agricultores de meu país”. Já o assessor técnico do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) de Brasília, Rodrigo Noleto, afirmou que a palestra foi “esclarecedora, pois é bom saber que os grupos familiares estão se organizando, participam do processo produtivo, buscam uma certificação participativa e conseguem agregar valor ao seu produto. É importante sair de uma condição social de explorados para serem donos do próprio negócio”.


Bahia Produtiva


A participação dos agricultores familiares no Terra Madre integra as ações do Bahia Produtiva, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia (SDR). Por meio do projeto, resultado de acordo de empréstimo entre o Governo do Estado e o Banco Mundial, estão sendo investidos R$ 10 milhões na cadeia produtiva do cacau baiano.


Fotos: André Frutuoso/SDR

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